quarta-feira, 25 de março de 2020
A Noiva Substituta
-Alô, Rogério, você está no laboratório?
-Oi Carlos. Claro, por isso não fui ao seu casamento. Ainda tenho de preparar o relatório da nossa invenção para a diretoria e...
-Eu sei, eu sei. Preciso da sua ajuda. A Luisa teve um ataque de pânico e sumiu.
-Puxa. Quer que eu ajude a encontrá-la?
-Não, já tem muita gente tentando mas ninguém a encontra.
-O que posso fazer então?
-Mandei um moto-boy para aí com a escova de cabelos dela.
-Pra quê?
-Sei que é pedir demais, mas só você pode me ajudar. Use os cabelos dela no bio-scanner como amostra de DNA. Em seguida entre na máquina e se torne uma cópia da Luisa.
-O quê?! Quer que eu me tranforme na sua noiva? Você enlouqueceu?
-Preste atenção, a Luisa sonha com este casamento a meses, e gastamos uma fortuna com ele. Tenho certeza de que quando o ataque passar ela vai se arrepender muito se ele tiver sido cancelado. Então você se casa no lugar da Luisa, depois volta ao normal. Assim que eu explicar ela vai entender e concordar que foi a melhor solução. Então nós dois vamos ficar pra sempre em dívida com você Rogério. Você me ajuda?
-Bem... eu estava querendo fazer mais um teste na nossa máquina... tá bom!
-Cara, você me salvou. Nem sei como te agradecer. Mandei uma mala com roupas dela com o mesmo motoboy.
-Tá ok. Vou ligar o equipamento.
Será que o Rogério fez mesmo o que pedi? O favor é grande demais, e acho que eu não faria o mesmo por ele.
Mas e se ele fez e algo deu errado? Pode até ter morrido. Já estou me arrependendo da minha ideia...
-Tadáá! Que tal Carlos?
-Luisa?
-Que Luisa? Sou eu o Rogério. Não foi isso que me pediu?
-Nossa, você ficou incrível! Como se sente?
-Tirando o fato de parecer que tudo em mim está fora do lugar, sobrando em alguns lugares e faltando em outros, me sinto até que muito bem.
-Que ótimo. Eu já estava preocupado. Bem, agora se arrume e vamos para o casamento.
-Tá bom.
-Que coisa complicada este vestido de noiva Carlos.
-É sim, mas você está linda querida!
-Pára com a brincadeira. Além de ser difícil me mexer, ele está tão apertado que mal consigo respirar.
-Sinto muito, mas tente uma respiração curta. Deixe me te ajudar com a cauda.
-Cara, você vai me dever muito depois disto.
-Eu sei meu amigo, e prometo te compensar por tudo.
O casamento, a festa as fotos, tudo correu muito bem e Rogério fez o papel da noiva com perfeição. Só estranhou ter de se deixar beijar pelo Carlos depois do "sim", mas achou que isto fazia parte da encenação e não teria como evitar.
Todos lhe abraçavam e diziam como estava linda. Em alguns momentos ele até se esquecia de que não era realmente a Luisa. No final ainda teve de dançar a valsa com Carlos, e depois com praticamente todos os homens da festa.
Mais tarde no hotel.
-O que você está fazendo Carlos? Me coloca no chão!
-Não, dá azar não entrar no quarto com a noiva no colo. Pode estragar o casamento.
-Mas eu não sou sua noiva de verdade. Que saco!
-Não sei porque a gente veio direto pra cá. Pensei que iríamos da festa para o laboratório, onde eu voltaria ao normal.
-Acontece que o motorista da limosine é amigo da família, e teríamos de explicar porque fomos para o meu trabalho na noite de núpcias. Além do mais, entrar no laboratório a esta hora da madrugada sempre chama a atenção.
-É, nisso tem rasão. Mas o que vamos fazer?
-Só temos de ficar aqui até amanhã de manhã, e aproveitamos para descansar.
-Pra falar a verdade eu estou mesmo bem cansado Carlos.
-Eu imagino. Não parou um minuto na festa e ficou o tempo todo dando atenção aos convidados.
-Sim, mas o que eu podia fazer? A noiva é a pessoa mais requisitada no casamento.
-Verdade, e você foi a noiva perfeita.
-Mas as pessoas foram muito bacanas comigo também... Engraçado.
-O Quê?
-Eu achei que nunca me casaria, acabei me casando e ainda por cima fui a noiva.
-Sim, e acho que nem a Luisa faria melhor.
-Não exagere.
-Verdade. Você foi simpática com todos. Doce comigo. Até seu beijo foi melhor que o dela.
-O-Olha Carlos, aquilo foi um acidente. Não era para ter acontecido.
-Mesmo? Vai dizer que não curtiu pelo menos um pouquinho?
-Claro que não. E eu lá gosto de beijar outro homem?
-Bem, você agora está longe de ser "outro homem".
-Vamos mudar de assunto e..MMMF!
-E então? Vai dizer que não sentiu nada?
-...O que estamos fazendo Carlos?
-Nada de mais. Somos apenas um casal recém-casado agindo de acordo.
-Sabe que não somos isso. Sou seu colega com o DNA modificado para se parecer com sua noiva sumida. Isto tudo é falso.
-Pois pra mim me pareceu bem real.
-Me sinto meio tonto. Deve ser este vestido me epremendo o peito.
-Levante-se. É melhor tirar isto antes que passe mal.
-Isto está ficando cada vez mais estranho.
-Por quê? Prefere ficar com isto até amanhã te apertando os pulmões?
-Não, mas... Era apenas para ser uma atuação. Agora estou aqui passando a noite com você.
-Olha, só estou tentando te ajudar. Acha que eu te forçaria a fazer alguma coisa? Seria muita sacanagem da minha parte depois de tudo o que fez por mim. Está me chamando de canalha?
-Não. Me desculpe é que de repente ser uma mulher deixa a gente confuso.
-Eu entendo.
-Ufa! Que alívio sair daquele vestido..Ei! O que está fazendo?
-Ela gosta que eu acaricie os seios assim. Que tal?
-É bom, mas Carlos eu não sou a Luisa, lembra?
-Não, você é muito melhor do que ela.
-Como assim?
-Pouca gente sabe, mas as coisas não andavam muito bem entre a gente.
-Sinto muito, mas o que isso tem a ver com você ficar pondo as mãos em mim. Se afaste por favor.
-Com você eu sempre me dei bem. A gente sempre se divertiu juntos. Agora com o corpo da Luisa está perfeito. Não percebe?
-Olha, eu entendo que está com problemas com sua noiva. Acho que o fato de me ver com a aparência dela deve estar mexendo com a sua cabeça. Mas eu não sou mulher e nem gosto de homem.
-E se você gosta mas não sabe?
-O que está dizendo?
-Agora a pouco gostou do meu beijo. Admita!
-Bem... você me pegou de surpresa e tomamos champanhe na festa.
-Sei. Mas na hora do casamento não tinha tomado nada.
-É mas... eu estava sem respirar direito, meio tonto.
-Vejamos, agora não está com o vestido apertando, o efeito do champanhe deve ter passado...
-O que está MMMF!...
-Bom, acho que o fato da gente estar se beijando a um tempão prova minha teoria. Você está gostando de ser mulher e de estar aqui comigo.
-Mais ou menos.
-Por quê?
-Só prova que estar num corpo feminino muda a gente. Agora estou cheio de hormônios femininos, e isso deve mexer com a cabeça. E também tem o fato de você beijar muito bem...
-Então acha que eu beijo bem?
-Pra caramba.
-Mas isto não é o que eu faço de melhor.
-Não?
-Vem cá.
-AI!
-Carlos, é obvio onde isto vai dar. Não acho que deveríamos.
-Calma. Conheço este corpo mais do que você, e só quero te mostrar umas coisinhas.
-Mas tenho medo do que pode acontecer.
-Olha, se você pedir eu paro imediatamente, combinado?
-S-Sim.
-Ela adora quando faço isso...
-Nossa!... Isso é bom...
-Agora vamos tirar isso?
-Sim. Nunca imaginei que um dia eu usaria uma calcinha, e ainda por cima deixaria você tirá-la.
-Pois é. A vida é cheia de surpresas não é mesmo?
-Por favor vá devagar. Lembre-se que eu nunca...
-Pode deixar comigo. Só relaxe...
-AAAH!!
-Está doendo?
-Não! Está ótimo. Continue...AAAI!
-Nossa Carlos...Isso é...muito bom!
-Tá gostando né? Isso é só o começo....
-E se eu fizer mais rápido?...Assim...
-AAA!.....Nossa!...AA!...
-C-Carlos..eu nunca...gosei tão forte!
-É, pra elas é melhor, né?
-É muito melhor. Páre para que eu recupere o fôlego.
-Que nada. Você aguenta...
-AIII!...AII!...AAA!
-Isso... Assim..Me pega bem forte!
-Carlos, isso foi maravilhoso. Mas você não vai contar pra Luisa, vai?
-Bem, preciso te confessar uma coisa. A Luisa não vai voltar.
-Não?
-Ela deixou uma mensagem explicando tudo. Como eu te disse antes, as coisas não iam muito bem, e este casamento deveria ter sido cancelado a tempos. Não foi um ataque de pânico, mas uma decisão pensada e definitiva.
-Quer dizer que mentiu, e que isso que fiz foi em vão?
-Claro que não. Você me poupou a vergonha e a perda do dinheiro da festa. Mas o mais importante, me fez feliz.
-Eu deveria estar bravo com você, mas não consigo. Foi uma experiência bem..interessante. Mas amanhã voltamos para a realidade, e não sei como vamos nos relacionar.
-Era isto que eu queria te propor. Não precisa acabar amanhã.
-Como?
-Bom, eu tenho uma viajem paga. Eu e minha esposa Luisa.
-Não está querendo que eu vá no lugar dela, está?
-Olha, são vinte dias em uma praia paradisíaca com tudo pago. As malas dela estão prontas. Você só precisa dizer sim.
-Isso seria muita loucura. Eu ir assim, e como mulher...
-Por que não? Depois da viajem a gente decide o que faz.
-Quer saber, eu preciso mesmo de umas férias...Eu aceito!
-Que bom meu amor!
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